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Bolsonaro nega golpe, mas ite conversas sobre reverter resultado das urnas

Ex-presidente foi interrogado nesta terça-feira pelo ministro Alexandre de Moraes no STF

Brasília|Do R7

Jair Bolsonaro
Bolsonaro foi interrogado por Moraes nesta terça Ton Molina/STF - 10.6.2025

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi interrogado nesta terça-feira (10) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes na ação penal por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

No início das respostas, ele disse que as acusações da PGR (Procuradoria-Geral da República) não são verdadeiras. “Não procede a acusação”, afirmou.

Em quase 3 horas de audiência, Bolsonaro negou a existência de qualquer plano golpista, mas afirmou que buscava alternativas legais dentro da Constituição. Veja o que o ex-presidente disse no interrogatório.

Medidas dentro da Constituição

Durante o interrogatório, Bolsonaro afirmou que, embora tenha se reunido com comandantes das Forças Armadas em dezembro de 2022, os encontros não trataram de nenhuma medida fora dos limites constitucionais.


Ele citou reuniões com o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, e os comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Almir Garnier (Marinha), mas negou que tenham discutido ruptura institucional.

“Essas reuniões ocorreram, em grande parte, em função da decisão do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. Não me lembro da data exata, talvez tenha sido 7 de dezembro, mas não posso garantir. O que posso afirmar é que jamais se discutiu algo fora das quatro linhas da Constituição”, disse.


Leia também: Bolsonaro nega que tenha sido ameaçado de prisão por comandante militar

Bolsonaro afirmou que as conversas incluíam temas como a atuação das Forças Armadas diante das manifestações em frente a quartéis e a possibilidade de emprego de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), diante de bloqueios e aglomerações nas ruas.


“Tratamos de GLO, porque os caminhoneiros estavam parando, havia multidões em frente aos quartéis. Discutimos possibilidades dentro da Constituição. Jamais se falou em sair das quatro linhas, como o próprio comandante Paulo Sérgio declarou.”

Segundo Bolsonaro, a análise das eleições de 2022 pelas Forças Armadas — que concluiu não haver evidências de fraudes — encerrou qualquer tipo de questionamento oficial.

“A decisão do TSE foi clara: não houve nenhuma vulnerabilidade. Isso encerrou qualquer discussão. Esses encontros, como no ado, foram feitos com responsabilidade.”

Ele também minimizou as suposições de que haveria um plano articulado, mencionando que os encontros com militares sempre existiram em outros contextos.

Veja: Bolsonaro nega tentativa de golpe e diz que buscava “alternativa” após derrota

Bolsonaro nega “minuta ilegal”

Bolsonaro refutou qualquer possibilidade de ter discutido “minuta de golpe” ou uma “minuta que não esteja enquadrada dentro da Constituição Brasileira”.

Ele afirmou que, ao se falar em minuta, “dá a entender que é uma minuta do mal da nossa parte” e “conspiração”, mas que ele sempre esteve “do lado da Constituição”.

Bolsonaro também declarou que “nunca se falou em golpe” durante seu governo e com os comandantes militares, classificando-o como algo “abominável”. Ele afirma que a hipótese de golpe “não foi sequer cogitado”.

Mais: Bolsonaro diz que golpe ‘seria fácil de começar’, mas nunca foi cogitado: ‘Abominável’

Defesa ao voto impresso

Questionado sobre declarações contra o processo eleitoral, ele defendeu o histórico de críticas às urnas e disse que luta pelo voto impresso desde 2012.

Bolsonaro tentou justificar as falas como parte de um histórico de críticas “dentro da legalidade” e não como parte de um plano de ruptura institucional. Ele negou ter acusado diretamente o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de fraudes e afirmou que sua atuação sempre foi política, baseada na defesa do voto impresso.

“Concretamente, o fundamento era a suspeição. Críticas jurídicas e desconfianças, que sempre foram feitas dentro da normalidade democrática. Eu fiquei dois anos como governante e 28 como parlamentar. A minha retórica sempre foi a de falar depois, apontar problemas.”

Segundo Bolsonaro, as dúvidas sobre as eleições não eram infundadas, mas sim alimentadas por manifestações legítimas. Ele mencionou nominalmente ministros do TSE que, segundo ele, eram alvo de críticas públicas — como Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes —, mas negou que tenha feito qualquer acusação formal de direcionamento ou fraude.

“As críticas eram públicas. Mas nunca falei em fraude de forma leviana. Sempre defendi que o sistema deveria ter mais transparência.”

O ex-presidente também citou iniciativas legislativas de sua autoria em favor do voto impresso, e disse ter se envolvido nesse debate desde 2012.

“Desde 2012 defendo o voto impresso. Em 2015, conseguimos aprovar no Congresso, mas a presidente Dilma vetou. Depois o Congresso derrubou o veto. Mas o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional, dizendo que a impressão poderia comprometer a segurança do processo.”

Ex-presidente critica urnas, mas não apresenta provas; Moraes faz advertência

Durante o interrogatório, Bolsonaro disse que o voto impresso seria um mecanismo de segurança adicional ao sistema eleitoral eletrônico. Sem apresentar provas, Bolsonaro citou documentos de entidades ligadas à perícia criminal e falou em “fraude sistêmica facilitada”.

“Eu tenho aqui um documento da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais que aponta a fragilidade das urnas eletrônicas sem o voto impresso. Mais à frente, a mesma associação fala em fraude sistêmica facilitada e diz que todo sistema computacional tem vulnerabilidades.”

Leia mais: ‘Dentro da normalidade democrática’, diz Bolsonaro sobre desconfiança das urnas

Após as declarações de Bolsonaro, Moraes “deu uma bronca” no ex-presidente. De forma firme, Moraes afirmou que o inquérito em curso não trata de supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral, mas sim da tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022.

“Vamos ao ponto que interessa. Esse inquérito não tem nada a ver com as urnas eletrônicas”, afirmou Moraes. “O inquérito trata de tentativa de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. É isso que está sendo investigado aqui”, continuou.

Veja: ‘Esse inquérito não tem nada a ver com urnas’, diz Moraes em resposta a falas sobre fraude eleitoral

Pedido de desculpas

Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por ter acusado o ministro e outros integrantes do STF de terem recebido valores milionários para favorecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.

Na ocasião, Moraes questionou quais indícios de desvio de conduta que o ex-presidente teria. “Não tem indícios de que os senhores estavam levando dinheiro. Peço aqui desculpas por acusar os ministros por desvio de conduta”, disse Bolsonaro.

Leia: Bolsonaro pede desculpas a Moraes por ter acusado ministros de receberem propina

Ex-presidente nega pressão sobre ex-ministro da Defesa

Bolsonaro foi questionado se pressionou o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira para que ele revisse as conclusões do relatório da Comissão de Transparência Eleitoral das Forças Armadas — que não indicou fraudes ou vulnerabilidades no sistema eleitoral — para que o ex-ministro aguardasse o segundo turno para enviar o relatório que já estaria pronto.

Em resposta, Bolsonaro negou categoricamente ter exercido pressão sobre Nogueira. Ele afirmou que seu relacionamento com qualquer ministro “nunca foi sobre pressão ou sobre autoritarismo”, e que era uma “relação bastante fraternal”.

Ele reiterou: “Jamais eu pressionei, seja o ministro que for”, e “não houve pressão em cima dele para fazer isso ou aquilo”.

Bolsonaro também disse que Nogueira lhe entregou o relatório final das Forças Armadas, que ele tomou conhecimento e não houve “reação nenhuma” de sua parte. Ele afirmou que, “como a partir do momento que você não tem prova de nada, a gente acredita”.

Convite para Moraes ser vice

Na audiência, Bolsonaro brincou e convidou Moraes para ser seu vice na chapa à Presidência da República nas eleições do ano que vem.

“Queria convidar o senhor para ser meu vice em 2026″. Em seguida, Moraes respondeu: “Declino”.

Leia mais: Bolsonaro chama Moraes para ser vice em chapa à Presidência, e ministro reage: ‘Declino’

“Não gostaria de ser condenado”

Em meio às acusações de tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro declarou que deu o melhor de si enquanto esteve no cargo e afirmou que sua prioridade sempre foi atender aos interesses da população brasileira.

“Fiz e dei o melhor de mim na Presidência”, disse Bolsonaro. “Eu não pedi para brincar de conta, não persegui ninguém, não aparelhei instituição nenhuma, não botei amigo meu em lugar nenhum. Foi estritamente voltado para atender o seio da nossa população.”

Em um dos trechos mais pessoais, o ex-presidente afirmou que está envelhecendo, mas que deseja seguir contribuindo com o país.

“Já vivi bastante. Estou com certa idade. Tive um problema de saúde recentemente, mas quero continuar colaborando com o meu país. Obviamente, não gostaria de ser condenado, até porque entendo que nada fiz de errado.”

Confira: ‘Não gostaria de ser condenado’, diz Bolsonaro ao afirmar não ter feito nada errado

Bolsonaro não ou faixa presidencial a Lula para evitar “maior vaia da história”

Durante a audiência, Bolsonaro comentou o fato de não ter ado a faixa presidencial a Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. O ex-presidente disse que quis evitar “a maior vaia da história do Brasil”.

“Tínhamos que entubar o resultado das eleições. E poderia até vossa excelência perguntar: ‘Por que não ou a faixa?’. Eu não ia me submeter à maior vaia da história do Brasil. O senhor há de concordar comigo”, disse Bolsonaro ao ministro Alexandre de Moraes.

Veja: ‘Não ia me submeter à maior vaia da história’, diz Bolsonaro por não ar faixa a Lula

Rejeição ao 8 de Janeiro e a “malucos” por intervenção

Bolsonaro também tentou se afastar dos atos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Ele negou ter incentivado qualquer movimento antidemocrático e classificou como “malucos” os que pedem uma intervenção militar.

“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar… Mas os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nisso só porque o pessoal estava pedindo ali.”

Leia: Bolsonaro nega ligação com o 8 de Janeiro e chama de ‘malucos’ quem pede intervenção militar

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